A minha mãe em 25 de Abril de 1974 tinha 11 anos e estudava num colégio interno de freiras, situado em frente ao jardim S. Pedro de Alcântara (bairro alto, Lisboa).
Nesse dia não houveram aulas porque os professores não vieram, estavam apreensivos e ninguém saía à rua com medo do que poderia advir de toda a situação que se passava nas ruas da baixa Lisboeta.
Todas as portas e gradeamentos do colégio foram fechados.
Nas primeiras horas da manhã ninguém sabia o que estava a acontecer, o Rádio Clube
Português transmitia comunicados e músicas diferentes.
A minha mãe e algumas colegas, às escondidas, foram espreitar à janela para ver o movimento da rua e uns senhores que trabalhavam nuns escritórios do edifício em frente, apavorados, mandaram-nas recolher e fechar as janelas, continuaram sem nada saber.
Através da rádio acompanhavam o desenrolar da situação.
No dia seguinte durante as aulas os professores relataram o sucedido.
A partir daí vivia-se um clima de suspeição por ser um colégio de freiras podia haver retaliações. Porque era uma revolta contra o estado actual e a igreja era considerada fascista.
A ocupação das instalações da rádio Renascença fora um exemplo disso (os meus avós de Rio Maior vieram até Lisboa juntamente com outras pessoas contestar este facto).
No domingo seguinte, a minha mão foi passear com o tio e viu de longe os tanques de combate e todo aquele aparato no convento do Carmo.
A minha mãe no jardim do colégio.