“A Aldeia de João Pires localizada no concelho de Penamacor é a minha terra natal desde 1966.
Tive uma infância bastante feliz. Nesta aldeia, como era em todas as outras aldeias do interior, os seus habitantes dedicavam-se à agricultura por conta própria ou de outrém.
Os meus pais possuíam algumas terras, mas, a profissão do meu pai era carpinteiro e a minha mãe era doméstica, agricultora e costureira em tempo livre, que não era muito. Até aos 6 anos, acompanhava a minha mãe nas lides da casa e em brincadeiras com os meus avós. Frequentei a Escola Primária da aldeia, o Ciclo Preparatório em Penamacor e, posteriormente, o Externato de Nossa do Incenso, também em Penamacor, onde conclui o 12.º ano.
A nossa alimentação assentava basicamente em produtos hortícolas, comprando-se apenas a carne de vaca e o peixe. Era uma alimentação bastante saudável, onde nunca faltava o leite e, alguns anos depois, os iogurtes comprados em Penamacor, quando íamos ao mercado.
Na minha aldeia, os meios de transporte eram a camioneta da carreira, que era aquela que nos levava das aldeias para Penamacor e vice-versa. Também se utilizava, mas já mais dentro das povoações, o burro e a carroça.
Até à idade de 11 anos, em minha casa, só existia uma telefonia. Posteriormente, os meus pais compraram uma televisão a preto e branco, o que foi uma grande novidade e uma grande festa.
Nos meus tempos livres, enquanto criança, gostava de brincar á macaca, ao farrapo queimado, ao toca e foge, etc. Já em adolescente, os meus tempos livres eram ocupados a ler, a ver televisão, a ouvir telefonia, fazia renda, cozinhava e, claro, havia os bailes e as festas de verão.
A moda, naquela altura era muito diferente de agora. Usavam-se as calças à boca-de-sino e os sapatos com tacão alto, talvez o estilo mais marcante da época. Eu comprava alguma roupa em Penamacor, mas a maioria era confeccionada pela minha mãe.
Anaísa Santo