Joaquim Pires dos Reis, Guerra do Ultramar
“No dia 15 de Janeiro de 1966, nos Escalos de Cima, realizava-se a feira anual que dá pelo nome de Feira de Santo Amaro. O meu namorado, futuro marido, Joaquim da Ascensão Pires dos Reis, recebe a ordem para embarcar para a Guerra do Ultramar. O dia para mim foi de lágrimas, só pensava: Ele abala para a guerra e já não volta mais. A partir desse dia, só nos voltámos a falar por monogramas. Foram dias muito duros, tanto para mim como para ele. No primeiro monograma que recebi, ele contou-me como correra a sua viagem até Angola. Nos seguintes, contava-me como decorriam os dias.
Companheiros de guerra a passar o tempo
Durante o resto do tempo em Angola, contava-me os poucos serviços que fazia nas ruas e contava os dias para voltar a Portugal.
Só passados alguns anos da sua chegada é que começou a falar mais abertamente do que se tinha passado e do que tinha assistido. Contava que no meio do mato havia autênticos massacres de civis e por vezes até mesmo militares. Assistiu à morte de vários colegas e sempre com medo de ser o próximo.”
Casamento, 28 de Julho de 1968, logo após ao seu regresso
Amélia Reis
Adaptado por Ana Almeida